Centro Loyola de Fé

Semana Inaciana – (Segunda-feira, 29/07/2024)

O que mais me chama a atenção na vida de Santo Inácio?

Quando me pediram para escrever sobre o que mais me chama a atenção na vida de Santo Inácio pensei, missão impossível, porque toda sua vida me fascina. Conheço algumas biografias, confesso que nem todas de forma profunda, tanto de santos e santas como de pessoas que marcaram a história humana, mas nenhuma delas tem em mim o impacto que a vida de Santo Inácio provoca.

Um jovem do século VI, com todos os valores sociais e medievais bem arraigados, sem maiores estudos formais, após ser atingido por uma bala de canhão, não morre fisicamente, suporta um tratamento doloridíssimo, uma convalescença longa e difícil e renasce espiritualmente. Um phoenix.

Sua bravura, fibra, força de vontade e capacidade de suportar grandes sofrimentos físicos e morais o levam a uma peregrinação interna profunda enquanto caminha em busca do seu sentido de viver. Essa caminhada física e espiritual vão provocando nele mudanças, sentimentos, emoções, vontades, medos e superação. Mas esse homem medieval, com pouco estudo formal, não só caminha, registra todo seu processo, todos os seus movimentos internos, suas reações, dificuldades, avanços e recuos e mais, vai se auto analisando, analisando seu processo interior de conversão.  Vai percebendo e ensina que “não é o muito saber que sacia e satisfaz, mas o sentir internamente as coisas”. Isso no século VI quando os conhecimentos de medicina e outros sobre o funcionamento do corpo humano eram rudimentares. Psicologia, psicanálise,  auto conhecimento, estudo das emoções e sentimentos só começaram a surgir em meados do século XIX.  Esses registros e toda sua experiência são sistematizados nos Exercícios Espirituais, linda e profunda  metodologia, complexa, mas simples, estimuladora e desafiante que através dos séculos vem ajudando a converter e a formar milhões de cristãos e cristãs. Santo Inácio queria e precisava dividir com a humanidade um processo tão divino e evangélico de conversão pela escuta da Palavra, conhecimento e amizade com Cristo, liberdade interior, desapegos e discernimento para o seguimento. E como os EE (Exercícios Espirituais) nos ajudam nessa caminhada e nos ensinam a rezar, a estar com a Divina Trindade.

Só o legado dos EE (Exercícios Espirituais)  com suas belíssimas orações já valiam a vida de Santo Inácio, mas os desígnios de Deus para esse peregrino de Cristo, profundo conhecedor da alma humana e pedagogo por Graça Divina, pediam mais. Impedido de ir à Jerusalém, seu grande sonho, Inácio e os amigos que cativou com os EE se colocaram à serviço do papa e da Igreja, denominando o grupo Companheiros de Jesus. Em um contexto de grande questionamento da Igreja, do seu comportamento mundano e da Reforma Protestante, esses homens, fiéis companheiros de Jesus, decidem peregrinar com a Igreja instituída, levando o conhecimento do amor de Divino para toda a humanidade, como Cristo pede a seus apóstolos no Evangelho. Outro legado, a Companhia de Jesus, aprendendo  sempre a cultivar e aprofundar a amizade com Cristo, pelo serviço ao próximo. “Em tudo Amar e Servir, amar a Ti, Senhor, em todas as coisas e todas as coisas em TI”.  Santo Inácio e seus seguidores evangelizam pelo exemplo, pela conduta, pelo modo como vivem, percebem e acolhem as pessoas e o mundo, “todas as coisas”, pela coerência entre a Palavra que pregam e como se comportam no mundo, como agia e tanto nos pede o Mestre.

O que há de mais belo o que mais me impacta na vida de Santo Inácio, acredito, enfim, que é a grafia e o autógrafo de Deus em sua trajetória e na caminhada de seus seguidores, sempre em Companhia.

 

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