Saudade – Mia Couto
Que saudade
tenho de nascer.
Nostalgia
de esperar por um nome
como quem volta
à casa que nunca ninguém habitou.
Não precisas da vida, poeta.
Assim falava a avó.
Deus vive por nós, sentenciava.
E regressava às orações.
A casa voltava
ao ventre do silêncio
e dava vontade de nascer.
Que saudade
tenho de Deus.
Comentário: Em tempos de Isolamento social, penso ser bastante oportuna a leitura desse poema selecionado para esta primeira quinzena de Agosto:
O poema “Saudade” retrata os sentimentos que a ausência de alguém, de algo e/ou mesmo de um tempo, de uma ocasião provoca no eu – lírico: lembranças, vontade de reviver o passado e, até mesmo, o desejo de ter esperança e crer em algo maior.
Rosely Wanderley
Colaboradora deste site