Centro Loyola de Fé

São José de Anchieta

História

 

José de Anchieta nasceu em 19 de março de 1534, na cidade de San Cristobal de la Laguna, na ilha canária de Tenerife. Filho de Mência Dias e Juan López, recebeu dos seus pais uma educação profundamente cristã.

 

Aos catorze anos foi para Coimbra estudar no Colégio de Artes, onde ficou por três anos. Nesse período, encanta-se com Deus. Consagra-se inteiramente aos cuidados da Virgem Maria. Serve como coroinha, na Igreja dos jesuítas, chegando a frequentar até oito missas diárias.

 

Essa proximidade com a Companhia de Jesus recém fundada, com (Santo) Inácio de Loyola ainda vivo e tantos testemunhos dos primeiros missionários, como (São) Francisco Xavier, faz Anchieta querer para si a mesma vida. Entra, então, para a Companhia de Jesus em 01 de maio de 1551, aos 17 anos.

 

Como é próprio da formação para ser um jesuíta – naquela época e também atualmente –, os primeiros anos são de intenso estudo. Ainda no primeiro ano de Noviciado, Anchieta contraiu uma espécie de tuberculose óssea que tomou o seu corpo, o deixou com uma escoliose e uma tristeza profunda. Tendo que, inclusive, parar os estudos de filosofia. Vendo a tristeza do noviço, seu superior, Pe. Simão Rodrigues, o questionou: “Se o Senhor o quiser deste modo, você vai aceitar viver desta maneira com alegria?”

 

Assim, logo após proclamar seus primeiros votos – que são feitos, ainda hoje, para se confirmar a entrada para a Companhia de Jesus passados os dois primeiros anos de estudo, ou, como chamam internamente, o noviciado –, em 8 de março de 1553, aos 19 anos, partiu, junto da terceira expedição jesuítica para o Brasil.

 

No dia 13 de julho, após quatro meses de viagem, chega a Salvador aquele jovem fragilizado fisicamente mas de intensa vitalidade apostólica; um de seus grandes paradoxos. “Não basta sair de Coimbra – disse aos seus irmãos doentes que ali permaneceram – com um fervor que logo murcha antes mesmo de cruzar a linha (do equador) ou que logo esfria, e com vontade de regressar a Portugal. É preciso ter os alforjes cheios para durar até o fim do dia.”

 

Ainda no mesmo ano de 1553, viaja para a capitania de São Vicente, onde encontra com Pe. Manoel da Nobrega, então superior da Companhia de Jesus no Brasil, e onde exerceu sua missão 12 anos. Entre os grandes feitos de Anchieta, nesse tempo, está a fundação do Colégio de São Paulo, em 25 de janeiro de 1554, local da atual cidade de São Paulo.

 

Do colégio, Anchieta foi o único mestre – não único professor; mestre é o nome dado ao superior de locais de ensino na Companhia de Jesus. Ensinou humanidades a possíveis novos jesuítas e também formação básica para indígenas e filhos de portugueses. Foi nesse tempo que Anchieta aprendeu o Tupi e, em apenas seis meses, escreveu a primeira gramatica da língua local. Ele ainda traduziu o Catecismo da Igreja Católica, compôs o “Diálogo da Fé” e diversas outras obras para uso dos novos missionários, todos em Tupi.

 

Por sua grande capacidade linguística, Anchieta ainda foi responsável pela correspondência com a Companhia de Jesus em Roma e em Portugal por muitos anos. Essas cartas, que se encontram no Arquivo Romano da Companhia de Jesus, são de onde conseguimos tantos detalhes de sua história.

 

Anchieta ainda amava a arte. Com sua sensibilidade e gosto, também pelo teatro, compôs inúmeras peças destinadas à evangelização.

 

Passados dez anos que estava em São Paulo e nas proximidades; precisamente em 1563, o missionário, já com 29 anos, se oferece como refém em nome de um tratado de paz entre Portugueses e Tamoios – então aliados dos franceses –, na região de Iperuí, atual cidade de Ubatuba (SP). Ao longo de cinco meses em que lá esteve, Anchieta recebeu frequentes ameaças de morte, tentações contra a castidade e sentiu imensa solidão, prometendo compor um poema à Virgem Maria. Quando a paz foi estabelecida com os Tamoios e lhe foi dada a liberdade, regressou a São Vicente e escreveu o Poema da Bem-aventurada Virgem Maria Mãe de Deus. Mesmo sem papel, escreveu dístico após dístico na areia e depois memorizou aqueles mais de 5.800 versos.

 

Acompanhando Pe. Manoel da Nóbrega, também esteve presente na fundação do Rio de Janeiro, em 1565.

 

Durante um ano e meio, dedicou-se a sua preparação para a ordenação sacerdotal, adiada pela função de mestre no Colégio de São Paulo. Em  06 de junho de 1566, na Catedral de Salvador (BA), aos 32 anos, tornou-se sacerdote da Companhia de Jesus.

 

Após sua ordenação, passou a desempenhar, dai por diante, quase sem interrupções, o ofício de superior. Das casas da capitania de São Vicente, de 1566 a 1577; de provincial – nome usado para designar a mais alta instância local –, de 1577 a 1588; de superior da residência de Vitória e das aldeias no Espirito Santo, de 1588 a 1597, entre outras funções paralelas. E, apesar das novas atribuições, como encontros e aconselhamentos a governadores, Anchieta nunca abriu mão de cuidar dos enfermos, estar perto dos mais pobres e ser amigo e defensor dos indígenas.

 

Enquanto exercia a função de padre provincial, Anchieta, fundou, em 15 de agosto de 1579, Festa da Assunção de Nossa Senhora ao Céu, a missão jesuítica no aldeamento de Reritiba – atual município de Anchieta. No mesmo dia, iniciou também a construção da igreja, a mesma que hoje integra o Santuário de Anchieta.

 

Entretanto, foi somente em 1595, sobrando-lhe apenas mais dois anos de vida, quando pôde instalar-se devidamente em Reritiba. E, mesmo com a enfermidade bastante avançada, nada o impedia de servir. Nas suas últimas horas, ainda se levantou do seu leito para preparar um remédio a um companheiro que estava enfermo. E, quando dava seus lentos passos para servir a seu irmão, sofreu um ataque que pôs fim à sua vida, no dia 9 de junho de 1597, aos seus 63 anos.

 

O corpo de Anchieta foi levado até Vitória, onde foi sepultado. Durante a Missa de corpo presente, foi aclamado pelo Bispo Dom Bartolomeu, “Apóstolo do Brasil”.

 

No dia 22 de junho de 1980, o Papa João Paulo II o declarou Bem Aventurado. Em 3 de abril de 2014, após mais de quatro séculos de espera, Papa Francisco, o primeiro papa jesuíta da História, canonizou o jovem canário que veio ao Brasil aos 19 anos.

 

Deus favoreceu José de Anchieta com inúmeros dons e, através da sua oração, muitos alcançaram milagres. São inumeráveis os testemunhos de pessoas que presenciaram fenômenos de levitação, luzes e músicas celestiais enquanto orava e celebrava a Missa. Os índios até o apelidaram de “caraibebé” que em Tupi significa “homem de asas” por conseguir andar quilômetros em segundos. Outro notável prodígio era a obediência que os animais selvagens lhe tinham. Os índios se maravilhavam tanto com tais portentos que o chamavam também de “pagé guaçu” que significa o pagé maior, o mais poderoso. As curas milagrosas de doentes eram constantes em sua vida.

 

Anchieta é ainda patrono da cadeira de número um da Academia Brasileira de Música e, em 2010, seu nome foi inscrito no Livro de Aço dos heróis nacionais do Brasil.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

FONTES:

  1. Santuário de Anchieta
  2. Vatican News
  3. Cartas Correspondência Ativa e Passiva de São José de Anchieta – de Pe. Helio Abranches Viotti, SJ / Edições Loyola – https://books.google.com.br/books?id=4yeCkasivPwC&pg=PA13&dq=%22Basco+de+origem+pelo+lado+paterno%22&hl=pt-BR&sa=X&ei=A2VDU_XILsTJsQT7nIIQ&ved=0CDAQ6AEwAA#v=onepage&q=%22Basco%20de%20origem%20pelo%20lado%20paterno%22&f=false
  4. Jesuítas Global – https://www.jesuits.global/

 

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