O exercício que nos leva à verdadeira liberdade
“Pois eu lhe digo: não há tantos grilhões e cadeias em Salamanca que eu não deseje mais por amor de Deus!” (Autobiografia 69).
Escrito por Rosi Oliveira
Seguimos a caminhada com Inácio peregrino tornando-se como um de seus companheiros, para sermos capazes de contemplar a real dimensão de sua sede por levar o amor de Deus a todos os que demonstravam desejo por conhecê-lo mais intimamente.
Diante de tal desafio, Inácio confia sobremaneira no que vive em seus Exercícios Espirituais, que se esquece ou minimiza a real situação de cárcere na qual se encontra em Alcalá. Isso pode ser observado quando são descritas as diversas vezes nas quais juízes e inquisidores tentam desafiá-lo, escarnecê-lo e fazê-lo demover de seu projeto de vida. (Autobiografia 67-69).
A serenidade e firmeza que Inácio demonstra quando enfrenta essas intempéries trazem consigo algo mais perturbador: sua liberdade. Mesmo confinado, perseguido e amarrado a correntes, sua confiança em Deus segue inabalável e sua resignação em continuar a falar de seu amor chega a ser desconcertante.
A liberdade é o que o move. Nem mesmo as prisões físicas podem detê-lo. Inácio escapa a todos os obstáculos, feito água de torrentes abundantes. O que brota de sua vivência cotidiana é amor, doação e caridade.
É relevante a comparação com seu momento de conversão, quando a convalescência palpável oferecia resistência à sua missão. Mais que a dificuldade de locomoção, suas moções contrárias ao Reino e seus afetos desordenados o paralisavam; exerciam função mais eficaz do que todas as prisões a que fora submetido posteriormente.
Assim pode estar ocorrendo comigo agora. Afetos desordenados que me tiram do foco, me amarram e me travam impedindo de experienciar a vontade de Deus em minha vida. A liberdade é algo a se buscar incessantemente para quem deseja experenciar os EE. “Os EE querem levar a/o exercitante ao horizonte de liberdade que conduz a um único amor: o amor a Cristo, a amizade íntima com Deus, não admitindo qualquer concorrência.” (Gonçalves, R. A., 2003).
Texto bíblico: Gl 5, 13-15