EM ANO DE MAIS ORAÇÃO
Mais do que uma crônica formal que fala de assuntos candentes e que muitas vezes nos questionam, hoje, após uma parada estratégica e até um pouco estranha, apenas envio umas linhas que a(o) coloquem no ritmo do “Ano da Oração”, conforme a intuição e convite do Papa Francisco.
Inicialmente, preciso revelar o que foi a tal parada, para que ela seja melhor acolhida neste tempo de “deserto”, onde a oração ganha toda a sua importância. Eu fui convidado no final do ano passado por uma de minhas sobrinhas do “grupo familiar” para fazer uma visita que há muito, desde a pandemia, não tinha mais acontecido. Já que o desejo é que fosse também comemoração de meu aniversário, foi escolhida a data possível para a maioria dos parentes, coincidindo já com a Quaresma. Aceitei assim mesmo, tendo presente que poderia ser um gesto quaresmal de “amizade social“, em comunhão à nossa Campanha da Fraternidade. E, de fato, o que eu pensara, se realizou, pois houve gestos de aproximação e de reconciliação de alguns que se encontravam bem separados e uma alegria contagiante.
Vamos então direto ao assunto deste início de Quaresma. Um sinal muito simples e transparente foi oferecido a todos nós que iniciamos este tempo litúrgico. Na semana passada, de 19 a 24 de fevereiro, todos os colaboradores diretos do Papa Francisco, a chamada Cúria Romana, dedicaram um tempo de “deserto espiritual” vividos em comunhão com todas as Igrejas Cristãs do mundo.
Tal fato que já era uma tradição vaticana, ganhou maior notoriedade desde que o atual Papa tomou posse do ministério petrino. O jesuíta Francisco teve a inspiração de dar um aspecto novo ao Retiro curial que antes era mais um convite a um tempo maior de oração pessoal, apenas excluindo os serviços ordinários e realizando-o individualmente no próprio ambiente da Cúria. Praticamente um tríduo muito pessoal, sem o aspecto comunitário.
Esta participação mais comunitária, realizada fora do Vaticano em uma Casa própria para Exercícios Espirituais foi aprovada desde a primeira experiência realizada e continuou sendo muito apreciada pelos participantes. A COVID impediu por três anos que o Papa e os seus colaboradores mais diretos se encontrassem juntos na Casa de Exercícios para o Retiro. Assim, na semana passada, deu-se uma retomada a estes Exercícios tal como os demais, realizados fora dos muros da sede Vaticana.
Eu imagino a alegria emocionada que deve ter acompanhado Francisco nestes Exercícios, ele que já vinha a algum tempo convidando a nós fiéis batizados para fazer deste ano de 2024 um “Ano de Oração“, como preparação para o Jubileu 2025! Na certa, Deus terá abençoado com maiores bênçãos consoladoras a seu zelo apostólico. Esperamos também que este tempo tenha sido de especiais bênçãos aos Cardeais que estiveram com o Santo Padre em oração, a fim de que se convertessem mais ao espírito de comunhão eclesial.
Aproveito a parte final desta reflexão para fazer mais duas comunicações em torno do nosso tema, com um ensinamento do Papa e com o conhecimento de um subsídio que nos foi oferecido pelo Dicastério para a Evangelização:
1) Um ensinamento do Papa Francisco
Na alocução da oração do “Angelus” do 1o. Domingo da Quaresma, a 18 de fevereiro passado, o Papa Francisco aproveitou a imagem dos “espíritos angélicos” do evangelho dominical de Marcos para dizer a todos que estavam na Praça São Pedro: “Serviço em oposição à posse. Os espíritos angélicos, em vez disso, recordam os pensamentos e bons sentimentos sugeridos pelo Espírito Santo. Enquanto as tentações nos dilaceram, as boas inspirações divinas unificam-nos e fazem-nos entrar em harmonia: acalmam o coração, infundem o sabor de Cristo, infundem o sabor do céu. E para captar a inspiração de Deus e entender bem, é preciso entrar no silêncio e oração. E a Quaresma é tempo para fazer isso. Sigamos em frente…”
2) O subsídio do Dicastério para a Evangelização
Trata-se de um material especial, o último que esse Secretariado de Roma envia para as dioceses católicas do mundo todo, como ajuda para este Ano da Oração. O livrinho tem como título: “Ensina-nos a Orar”, extraído de Lc 11,1. É fundamentado nas catequeses das quartas feiras do Papa Francisco. Dentro em breve a tradução do italiano ao português e outras línguas estará disponível on-line no Portal do Dicastério. É, portanto, mais um subsídio, como ajuda aos fiéis para que aproveitem deste ano de 2024 como preparação de 2025, o Ano Jubilar.
Para terminar, deixo um pensamento paralelo, mas procedente, do conhecido teólogo Pe. José Antonio Pagola:
A vida nunca é plenitude ou sucesso total. Temos que aceitar o que está inacabado, o que nos humilha, o que não podemos corrigir. O importante é manter o desejo, não ceder ao desânimo. Converter-se não é viver sem pecado, mas aprender a viver com perdão, sem orgulho nem tristeza, sem alimentar a insatisfação com o que deveríamos ser e não somos. Assim diz o Senhor no livro de Isaias: ‘Pela conversão e pela calma sereis libertados” (Is 30,15)”.
Desejo a você boa caminhada até a PASCOA,
Pe. Paulo Lisbôa, SJ
27 / 02 / 24
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