A VOZ DO MEU JARDIM
A esperança conjugou o verbo florescer
bem aqui no meu jardim.
Ela não fez alarde, não gritou!
Apenas floresceu e eu ouvi!
Mas por pouco eu não percebia,
Pois a desesperança também chegou aqui,
E diferente da esperança,
Alardeou no meu juízo,
Invadiu minha alma,
Exigiu lugar nas minhas crenças.
Eu que sempre hospedei bravura e ousadia,
Enxotei a desesperança de mim.
Como pode ela vir assim me assaltar e
constituir-se em ameaça?
Não lhe dei guarita,
Não gastei tempo com ela.
Em meio a angústia que me rodeava,
Eu não entreguei os pontos,
Nem deu tempo de chorar,
de sofrer, de desistir,
apenas de me indignar
até o momento da ficha cair.
Eu vi a esperança florescer
E tratei de amar as flores
que deram voz ao meu jardim,
“Tomei um copo de coragem,
um copo e meio”, como disse o Chico,
Chamei outros indignados como eu
e tratei de ir à luta.
Quando me disseram que não havia mais nada a fazer,
Eu ouvi a voz do meu jardim
me ofertando um cacho de possibilidades.
Gilmara Belmon